Quão efémera é a nossa passagem…

Cerca de 500 metros a nascente da EN 378, na transição do vale da Apostiça para o vale de Brava de Baixo havia uma azenha que já poucos indícios apresenta daquilo que foi. Há cerca duma década o autor destas linhas deu-se ao trabalho de ceifar as silvas que envolviam o edifício e obteve fotos que atestam as suas características. Hoje isso é mais difícil, a avaliar pela foto mais recente (obtida dia 13 de Junho).

COURELAS DA BRAVA
Courelas da Brava é o nome do lugar mais ocidental da freguesia da Quinta do Conde, o primeiro núcleo que se encontra quando alguém se dirige da sede do concelho para esta freguesia.
Quanto à designação, importa salientar que existe um conjunto de topónimos próximos do local em análise, associados à palavra “Brava”. Ribeira da Brava, Moinho da Brava, Fonte da Brava e Brava de Baixo são designações que se podem encontrar em cartas geográficas do início do século passado. Por outro lado, o parcelamento da propriedade em quintas com pouco mais de cinco mil metros - as tais courelas – deve ter completado, com lógica diga-se, o nome Courelas da Brava. O lugar, configura um rectângulo com pouco mais de 60 hectares onde foram abertas duas ruas no sentido de norte para sul e cinco perpendiculares a estas, à margem das quais se demarcaram, em 1968, 105 quintinhas.
É algo disperso, porque nem todas as quintinhas têm construção e poucas foram subdivididas. Os amplos e rectilíneos arruamentos são outra característica deste lugar, que no início do século passado pertencia a José Vicente de Oliveira e ao contrário das propriedades envolventes nunca pertenceu à família Almeida Lima. Os testemunhos que ainda restam do período anterior à delimitação em quintinhas são um poço, provavelmente construído em 1930, porque é essa a data que ostenta numa pedra do muro de vedação e os vestígios de carvão, que ali se produziu intensamente, há já algumas dezenas de anos. As Courelas da Brava “andaram nas bocas do mundo” quando, durante a discussão pública do Plano Director Municipal de Sesimbra, os residentes e proprietários de quintinhas manifestaram generalizada discordância à intenção de destinar a área para indústria não poluente. Existem hoje nas Courelas da Brava uma fábrica de balcões frigoríficos e algumas pequenas explorações no ramo do comércio, indústria e serviços. O segundo posto de abastecimento de combustíveis da freguesia da Quinta do Conde foi aqui instalado em 1993. Após a publicação do Plano de Urbanização que abrange Courelas da Brava, e com a delimitação da zona como área urbana de génese ilegal, estavam reunidas as condições para a eleição da respectiva Comissão de Administração. Uma primeira fracassou, alegadamente por falta de acompanhamento técnico da autarquia e, após redelimitação das áreas das AUGI, o processo foi retomado em 2006, desta vez com melhores resultados.
Vítor Antunes

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