Escriba alucinado

Um apontamento publicado recentemente num jornal da Quinta do Conde dava conta do incómodo que o autor sentia por haver candidatos que no momento das eleições vêm falar do percurso de vida próprio e da participação cívica que tiveram. A reflexão destacava também a importância de um só voto, mas acrescentava a possibilidade de votar em branco. Antes de outro contraditório parágrafo sobre a iliteracia da nossa população, o escriba insinuava haver candidatos que só o eram ao título e não ao desempenho, estando aqui a razão da abstenção.
Vamos por partes: É compreensível o incómodo que o “jornalista de ocasião” sente por não ter currículo, não obstante habitar a Quinta do Conde há mais de três décadas todavia, quer ele goste quer ele não goste, um voto consciente impõe que se conheçam os candidatos, o que se propõem fazer e o que fizeram antes. Compreende-se também a ginástica mental seguinte: um voto pode fazer toda a diferença se for na nossa lista, caso contrário vale mais o voto em branco.
O que não se compreende, nem vale a pena esforçarmo-nos a tentar decifrar é a “candidatura ao título e não ao desempenho”. Na verdade, há textos nos nossos periódicos que parecem reflectir as alucinações dos seus autores.

Vítor Antunes

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