Abriu hoje ao trânsito automóvel a passagem desnivelada da EN 10 na Quinta do Conde. Embora ainda falte muito para a conclusão da obra, pode falar-se em dia histórico este 5 de Junho.
Uma retrospectiva ao que foi dito e escrito sobre este tema - o Cruzamento da EN 10 com a Avenida Principal da Quinta do Conde, conclui que raramente foram cordiais as relações entre a Quinta do Conde (moradores individualmente ou os seus representantes eleitos) e a antiga Junta Autónoma de Estradas, hoje EP - Estradas de Portugal. A construção de moradias na faixa de protecção à EN 10; A construção do depósito de abastecimento de combustíveis junto ao Restaurante, sem o aval prévio daquele organismo; A colocação de barreiras de protecção à EN 10, na zona do Conde 1; A resolução do problema do cruzamento da EN 10 com a avenida Principal, foram, entre outros, alguns problemas que evidenciaram esse estado sempre lactente de desconfiança e quezília.
O aumento do fluxo de trânsito na Estrada Nacional 10, o seu traçado e o estado do pavimento, a juntar aos múltiplos acessos da Quinta do Conde a essa via, fazia aumentar o número e a gravidade dos acidentes rodoviários registados, próximo da Quinta do Conde. Em 1982, foram colocadas algumas placas avisadoras dessa sinistralidade, foram executadas as bermas e repavimentada a estrada mas os acidentes continuaram.
Local particularmente propício a essas ocorrências era o cruzamento com a Avenida Principal. Em de Junho de 1981, Júlio dos Santos Silva foi mais uma vítima de acidente naquele local. O facto de ser um jovem com 21 anos, que havia casado poucas semanas antes e ter ficado paraplégico, despertou algumas consciências para a perigosidade do local em particular, e do troço da EN 10 em geral. Ainda assim, com o decorrer dos anos o tráfego foi crescendo e, naturalmente, os acidentes também. Em Junho de 1991, durante uma visita do então Primeiro-Ministro Cavaco Silva à Quinta do Conde, o problema foi-lhe colocado e respondeu com a promessa de empenhamento. Em Outubro desse ano, mais um acidente mortal, o quinto em dois anos: Uma jovem com 24 anos, falecia sob o rodado de um camião e a população indignada, cortou o trânsito, exigiu segurança e ameaçou com acções mais drásticas caso não fossem tomadas medidas.
Executaram-se, então, algumas obras de carácter provisório, que reduziram os riscos de acidente, enquanto a solução mais duradoira, ficou a aguardar a elaboração do projecto, a respectiva aprovação e a dotação financeira. Tudo somado foram quase quatro anos de espera, um número indeterminado de acidentes e, pelo menos mais dois mortos. Só em Março de 1995, começaram a piscar os semáforos que passaram a disciplinar o trânsito naquele local. Um cruzamento desnivelado parecia ser a melhor decisão, porém, a Junta Autónoma de Estradas, entidade financiadora da obra, entendeu à época ser demasiado cara essa opção. Por outro lado, a excessiva partidarização do assunto na Quinta do Conde enfraqueceu, a defesa do projecto de cruzamento desnivelado.
Vale a pena recordar, porque estamos a falar da Estrada Nacional 10, onde em 1988 a Junta Autónoma de Estradas iniciou a colocação de barreiras metálicas de protecção àquela via na zona do Conde 1, porém, a revolta dos proprietários de estabelecimentos comerciais ali sedeados impediu a concretização total da intenção. Quantos acidentes, e quantas mortes, terão relação directa com a ausência daquelas protecções? Obviamente, esta é uma pergunta sem resposta.
Vítor Antunes
Uma retrospectiva ao que foi dito e escrito sobre este tema - o Cruzamento da EN 10 com a Avenida Principal da Quinta do Conde, conclui que raramente foram cordiais as relações entre a Quinta do Conde (moradores individualmente ou os seus representantes eleitos) e a antiga Junta Autónoma de Estradas, hoje EP - Estradas de Portugal. A construção de moradias na faixa de protecção à EN 10; A construção do depósito de abastecimento de combustíveis junto ao Restaurante, sem o aval prévio daquele organismo; A colocação de barreiras de protecção à EN 10, na zona do Conde 1; A resolução do problema do cruzamento da EN 10 com a avenida Principal, foram, entre outros, alguns problemas que evidenciaram esse estado sempre lactente de desconfiança e quezília.
O aumento do fluxo de trânsito na Estrada Nacional 10, o seu traçado e o estado do pavimento, a juntar aos múltiplos acessos da Quinta do Conde a essa via, fazia aumentar o número e a gravidade dos acidentes rodoviários registados, próximo da Quinta do Conde. Em 1982, foram colocadas algumas placas avisadoras dessa sinistralidade, foram executadas as bermas e repavimentada a estrada mas os acidentes continuaram.
Local particularmente propício a essas ocorrências era o cruzamento com a Avenida Principal. Em de Junho de 1981, Júlio dos Santos Silva foi mais uma vítima de acidente naquele local. O facto de ser um jovem com 21 anos, que havia casado poucas semanas antes e ter ficado paraplégico, despertou algumas consciências para a perigosidade do local em particular, e do troço da EN 10 em geral. Ainda assim, com o decorrer dos anos o tráfego foi crescendo e, naturalmente, os acidentes também. Em Junho de 1991, durante uma visita do então Primeiro-Ministro Cavaco Silva à Quinta do Conde, o problema foi-lhe colocado e respondeu com a promessa de empenhamento. Em Outubro desse ano, mais um acidente mortal, o quinto em dois anos: Uma jovem com 24 anos, falecia sob o rodado de um camião e a população indignada, cortou o trânsito, exigiu segurança e ameaçou com acções mais drásticas caso não fossem tomadas medidas.
Executaram-se, então, algumas obras de carácter provisório, que reduziram os riscos de acidente, enquanto a solução mais duradoira, ficou a aguardar a elaboração do projecto, a respectiva aprovação e a dotação financeira. Tudo somado foram quase quatro anos de espera, um número indeterminado de acidentes e, pelo menos mais dois mortos. Só em Março de 1995, começaram a piscar os semáforos que passaram a disciplinar o trânsito naquele local. Um cruzamento desnivelado parecia ser a melhor decisão, porém, a Junta Autónoma de Estradas, entidade financiadora da obra, entendeu à época ser demasiado cara essa opção. Por outro lado, a excessiva partidarização do assunto na Quinta do Conde enfraqueceu, a defesa do projecto de cruzamento desnivelado.
Vale a pena recordar, porque estamos a falar da Estrada Nacional 10, onde em 1988 a Junta Autónoma de Estradas iniciou a colocação de barreiras metálicas de protecção àquela via na zona do Conde 1, porém, a revolta dos proprietários de estabelecimentos comerciais ali sedeados impediu a concretização total da intenção. Quantos acidentes, e quantas mortes, terão relação directa com a ausência daquelas protecções? Obviamente, esta é uma pergunta sem resposta.
Vítor Antunes
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