Em 1974, não obstante o ritmo frenético com que se edificava na Quinta do Conde, a localidade era um ror de problemas: A água raramente corria nas tubagens de reduzido diâmetro e deficiente qualidade, deixadas pelo loteador em algumas artérias; Electricidade – e consequentemente a possibilidade fazer funcionar um frigorífico ou uma televisão – só havia em algumas casas, e em restritas horas do dia (geralmente ao fim da tarde e início da noite) quando o gerador da área era accionado; Não se fazia recolha de lixo; Não havia escolas nem qualquer ocupação para as muitas crianças que já habitavam a área; Obter géneros de consumo corrente só nas localidades vizinhas; Enviar uma carta ou fazer um telefonema obrigava a percorrer enormes distâncias; Os arruamentos sem manutenção tornavam-se intransitáveis...
Havia muito para fazer e ninguém sabia bem como, quando e onde começar. O balanço (editado no livro “29 Meses de Trabalho”) da actividade da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Sesimbra, que governou o Concelho, de Julho de 1974 a Dezembro de 1976, é esclarecedor a este respeito!
Compromissos eleitorais ditaram à Autarquia, logo no início de 1977, uma abordagem diferente e, verdade seja dita, notou-se nos novos autarcas empenho e disponibilidade para enfrentar um processo que todos sabiam complicado e ninguém conhecia a solução ideal.
Portanto, entre os que não erraram por inércia e os que pecaram por inexperiência, absolvam-se estes.
Era preciso começar... Era necessário planear. E, enquanto isso, os moradores reivindicavam: “Senhor presidente, dê-nos água e luz, não lhe pediremos mais nada!”
É certo que durante estes trinta anos houve opções polémicas, ritmos inconstantes e erros, muitos erros. Mesmo assim, tudo somado, o balanço é francamente animador.
Apesar do crescimento demográfico fortemente acelerado que a localidade regista, os problemas não se comparam com os de outros tempos: Hoje, o abastecimento de água é regular, tal como o da electricidade. Há escolas edificadas de raiz, com qualidade, para todos os escalões etários (mau grado alguma insuficiência relativa) e respostas para a ocupação saudável dos tempos livres dos jovens e dos mais idosos (centro de dia, jardins de infância, ATL, parques, …). A recolha do lixo e limpeza das ruas faz-se com regularidade. A rede de esgotos está praticamente concluída e a maior parte das trezentas ruas está asfaltada. A abertura do posto da GNR implementou confiança, no capítulo da segurança. A Quinta do Conde dispõe, há já vários anos, de um mercado com qualidade e capacidade de resposta para as necessidades actuais e futuras. Os nossos entes queridos são sepultados na freguesia. O anfiteatro da Boa Água, apesar de sub-aproveitado, é um bom equipamento cultural. Para praticar futebol os jovens não enfrentam hoje o calvário dos seus pais (solicitar com a devida antecedência o campo da Nato, esperar por uma resposta positiva e depois organizar a deslocação até ao Marco do Grilo). Na localidade existem agora vários equipamentos desportivos (campos de futebol de 11 e de 7; campos polidesportivos asfaltados, Pavilhão Municipal, …) e muitas modalidades desportivas cuja prática é acessível nas diversas colectividades que entretanto nasceram e cresceram.
Sem ocultar que há reivindicações justas dos residentes, que não podem eternamente a ser ignoradas pelos governos da nação (nova extensão de saúde, escola secundária, cruzamento desnivelado, quartéis condignos para os bombeiros e para a GNR, lar de idosos, piscinas, repartição de finanças, cartório notarial, …), não há a mínima dúvida que as transformações operadas nestas três décadas proporcionam um nível razoável de qualidade de vida aos habitantes da Quinta do Conde. Na razão directa desta evolução está o património humano da localidade que, como se comprova diariamente nas empresas, associações e instituições é rico, interveniente e edificador. Ele foi decisivo para a constituição da Freguesia em 1985 e para a elevação da Quinta do Conde à categoria de Vila dez anos depois.
Água e Luz
Publicada por
Quinta do Conde
domingo, 17 de maio de 2009
Vítor Antunes
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