Relance pelo movimento associativo

Emergiram na Quinta do Conde, quase em simultâneo, dois tipos de organização colectiva: as comissões proprietárias de geradores de electricidade e as associações destinadas a promover o recreio, o desporto e a cultura. Respostas de iniciativa popular, sem qualquer apoio institucional, às necessidades básicas do momento e dos residentes, cada vez em maior número. Dos geradores ninguém mais ouviu falar após a electrificação. Quanto às colectividades, essas cresceram e diversificaram a resposta. Foram constituídas associações para dinamizar desportos específicos e para intervir em áreas sociais.
Pode classificar-se de primordial importância o papel desempenhado pelas colectividades da Quinta do Conde no enraizamento dos residentes, sobretudo os dos escalões mais jovens. Foram estes, aliás, que em 1976, tomaram a iniciativa de criar as primeiras associações com vocação desportiva: a Associação Condense Futebol Clube e os Leonenses Futebol Clube, posteriormente fundidas na União Desportiva e Recreativa. A Associação para o Desenvolvimento da Quinta do Conde foi fundada a 3 de Agosto de 1974, mas esta tinha inicialmente como objectivo principal acompanhar a implementação das infraestruturas urbanísticas da localidade e só alguns anos mais tarde cedeu essa função às Comissões de Moradores assumindo então o papel que hoje tão bem desempenha.
As primeiras colectividades da Quinta do Conde constituíram-se, invariavelmente, em torno do futebol, mas não deixa de ser curiosa a evolução que se verificou na procura de outras práticas desportivas e culturais: Em ciclismo, os Leonenses tinham, no início dos anos oitenta, a melhor equipa do distrito e vários campeões. O Grupo Desportivo e Cultural do Conde 2 é hoje conhecido, sobretudo, pelas “Lutas Amadoras”. Ainda na década de oitenta surgiram na Quinta do Conde três grupos folclóricos: Grupo Folclórico da Freguesia, Rancho Folclórico Regional e Rancho Folclórico da Associação para o Desenvolvimento. Apesar de algumas metamorfoses, ainda hoje subsistem dois destes ranchos e foi entretanto constituído um grupo coral tipicamente alentejano, para responder aos anseios dos moradores oriundos de uma região que chegou a ser maioritária na Quinta do Conde.
Em 1990, o movimento associativo da Quinta do Conde deu uma importante lição de vitalidade ao tomar a iniciativa de propor, organizar e realizar a Feira Festa da Freguesia da Quinta do Conde, função de liderança que exerceu durante vários anos.
Também na década de noventa surgiu a Agitato – Acção Social e Cultural e com ela a mostra de trabalhos e de autores da região denominada “A Quinta do Conde tem Artistas”. Esta actividade perdeu o seu fulgor mas está agora ser revitalizada pela associação “Ecosd’Art”.
A procura de resposta para a segurança contra incêndio e a assistência qualificada em caso de doença, estão na génese de associações como o Núcleo da Cruz Vermelha Portuguesa, da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários e a Comissão Representativa dos Utentes da Saúde.
O Centro Comunitário é, sem desprimor para a profícua actividade que exerce nos sectores da infância, ainda hoje a única instituição que responde às necessidades singulares dos mais idosos. Uma resposta cada vez mais qualificada e ao mesmo tempo mais exigente.
Os edifícios para as duas igrejas católicas da Quinta do Conde começaram ambos a ser construídos em 1978 e, tal como as sedes dos partidos políticos PCP e PS, privilegiaram a mão de obra voluntária, que abundava nos anos que se seguiram à revolução de 25 de Abril de 1974.
A par da criação das escolas constituíram-se associações de pais e de alunos, sendo que, sobretudo as primeiras detêm um pecúlio de experiências bastante variado e rico.
O Grupo Desportivo e Cultural do Casal do Sapo, com a sua área geográfica específica, evolui lentamente (quiçá contagiado pelo processo urbanístico em curso na área), mas com segurança e as suas amplas instalações pedem meças às melhores da freguesia.
Em resumo, o movimento associativo da Quinta do Conde é, não obstante as críticas e os derrotistas, vivo, interveniente e pujante na acção, assente num património humano variado, qualificado e voluntarioso.

Vítor Antunes

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